sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Olga Roriz convida-nos ...

Num país onde continuamos a não valorizar os nossos artistas e o seu esforço, a dar prémios a políticos incompetentes e a emitir diariamente nas televisões programas destituídos de conteúdos pedagógicos e que desenvolvam a inteligência de quem os vê ...

Olga Roriz diz-nos que "as cenas são descoladas e aparentemente sem relação ou objectivo comum, no entanto, vão desvendando uma espécie de personagem misterioso.
É como se houvesse uma inquietação latente naquela mulher, onde cada momento e cada lugar por onde passa tanto são acrescentados como anulados pelos que se seguem.
Cada cena, cada passagem tem uma força estranha, uma vivência e uma certeza que se instala desde o primeiro gesto.
As acções banais entre as cenas carregam a carga do que acabou de fazer, tornando essas acções, também elas, em cenas.
É uma mulher que não pensa nem sente. Ela tortura-se, obriga-se, anula-se...
Castiga-se a passar o tempo congeminando uma nova forma de agir, de estar, de se lamentar, de se preparar, de lutar,... de jamais se esquecer.
Não há resignação, não há desistência, apenas por vezes uma espécie de falso e tranquilo abandono.
Ela mostra sem pudor a sua força e a sua fraqueza, a sua nobreza e a sua humilhação.
Ela é uma mulher assustadoramente presente na sua ausência.
Os seus olhares para o exterior de si são os únicos indicativos da sua espera onde o tempo não existe.
Ela nunca se expõe, apenas se dispõe"
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